Banca Orgânica: família Dias mostra porque agricultura orgânica compensa

O trajeto dos alimentos desde o cultivo até a mesa das pessoas é longo, mas muitos já estão atentos ao ambiente onde eles são plantados, sua origem e quem os produz. Ao promover a distribuição direta dos agricultores aos associados do Instituto Auá, a Banca Orgânica permite o contato com aqueles que plantam o que comemos e o apoio direto à agricultura orgânica familiar.

São batatas, ervilhas, tomate, brócolis, berinjela, seis variedades de alface, entre dezenas de itens orgânicos que a família Dias já oferece aos coletivos de consumo da Banca Orgânica. No total, compõem hoje 18 cestas por semana, com potencial para muitas outras, que representam uma alimentação saudável para os coletivos urbanos. Além deles, a Banca trabalha também com o sítio Novo Mundo, em Ibiúna, e com o sítio Olho D´Água, em Mogi das Cruzes, todos com certificação orgânica.

Para a família Dias, em Caucaia do Alto, a parceria com a Banca Orgânica confirma-se como um apoio direto à gestão da propriedade, pois a garantia das entregas permite planejar o cultivo e melhorar a estabilidade econômica. Ali, pai e filho cuidam de uma área de 4,8 hectares, após a transição do modelo convencional para o orgânico há mais de dez anos.

“O negócio começou a andar mesmo há 4 anos, pois tivemos que aprender sozinhos, testar os insumos, o consórcio entre espécies e a própria relação com o consumidor final. O resultado para a terra, a saúde e a produção compensa”, conta Benedito Dias, que já sofreu duas intoxicações por agrotóxicos antes da transição para produção orgânica, e hoje é um conhecedor das técnicas agrícolas sem a utilização de venenos.

É ele quem desenvolve soluções naturais para o combate a pragas, compostos orgânicos, adubo à base de esterco, e encontrou uma forma “pessoal” de proteger a lavoura dos insetos. Na horta de couve, por exemplo, usa folhas mais ‘velhas’ em locais onde as novas estão crescendo e consegue ‘enganar’ o pulgão que ataca a espécie.

Também divide as tarefas com o filho Kelvin, que gasta quatro dias da semana nas entregas a estabelecimentos e nas feiras. “O segredo é ter planejada a entrega, principalmente nas feiras, manter a regularidade e não deixar faltar os produtos prometidos”, diz Kelvin, que também é um conhecedor da semeadura, feita sempre na lua minguante e crescente.

“Aos poucos os clientes mudaram, tornando-se mais conscientes em relação à qualidade dos alimentos e não só a aparência. Indicamos até possibilidades de usar partes não convencionais, como as folhas do repolho-roxo, em geral descartadas, e não só a ‘cabeça’ da planta”, conta.

Há mais de um século, seus bisavós chegaram à região de Caucaia do Alto, o que os torna uma família de tradição agrícola, voltada ao desejo de permanecer na terra. “Mas os desafios para manter a produção orgânica são grandes, desde a necessidade de mão-de-obra para o cuidado com toda a área, até o preço dos insumos e a importância de ter uma estufa que ajudaria a preparar as mudas para o campo”, expressa Benedito.

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